Esta frase está escrita na entrada do Oráculo de Delfos na Grécia, normalmente atribuída ao filósofo Sócrates. Por quê conhecer a mim mesmo? Por onde começar a me conhecer? Para que eu possa me aventurar nesse desafio, preciso observar e identificar o que está acontecendo no meu interior. E para que eu consiga observar e identificar, eu preciso olhar para as minhas relações; relação que eu estabeleço com o meu próximo e comigo mesmo. Analisar a minha relação com as pessoas, com o que me cerca e como sou afetado por estas relações; este é o primeiro passo para a compreensão de “mim mesmo”.
Essa escuta só irá acontecer a partir do momento que eu me dispor a trazer um olhar de “conhecimento”; de conhecer algo sem julgamentos. Para compreender algo, preciso vivenciá-lo, observá-lo, conhecer todo o seu conteúdo, a sua natureza e a sua estrutura. Quantas vezes agimos de maneira inadequada aos nossos olhos e o que fizemos foi apenas nos criticar e nos culpar? Este “olhar” não me leva a melhorar, ao contrário, me levará à culpa e ao sofrimento e muitas vezes à uma sensação de impotência diante da mudança de padrão do meu comportamento, pois me reconheço assim e não acredito na minha mudança, me vejo a partir do passado e isso é uma armadilha. Por outro lado, se me reconheço sem julgamentos, aprendo a todo momento, a cada minuto, aprendendo pelo observar e pelo escutar.
Experimente observar no seu dia como estão os seus relacionamentos com suas emoções, com suas conquistas, com suas derrotas, com o outro e com tudo o que o cerca, desde as perturbações com a vida, com a política, com a violência, com a situação econômica do país e com o sofrimento no mundo e em você mesmo. E vai descobrir que tudo que sente brota de “você mesmo”, a partir da sua identificação com o que acontece “lá fora”. “Lá fora” entenda-se como tudo com o que você se relaciona: você mesmo, seres, objetos e situações. Com esta compreensão, você descobre que se a forma como age, como responde as demandas vem da sua identificação com tudo o que está ao seu redor, você é responsável pela sua mudança. Não mais vou responsabilizar nada, nem ninguém pelo meu sofrimento. Descubro também que não sou um ser estático, sou um ser “vivo”. Porém, este ser “vivo” não pode se manifestar se estiver preso a opiniões, juízos e valores. Então, conheço a mim mesmo para saber como modificar minha relação comigo mesmo, com o outro e com o mundo, e, este é o ponto de partida para uma vida mais equilibrada e por consequência mais feliz.
A imagem que tenho do que penso ser ou deveria ser, é a mesma imagem que me impede de me ver como realmente sou. A partir do momento que digo: “Eu me conheço”, não tenho condições de seguir o meu processo de autoconhecimento e de mudanças para relações mais saudáveis e vivas. Estou condenado a viver com as minhas impressões passadas, sem chance de melhorar para mim, para o outro e para o mundo. Mas, se me reconheço como um ser “vivo”, terei sempre um olhar que me permite ver tudo como sendo novo, com possibilidade de compreensão, aprendizado e mudança.
Patrícia V.D. da Mota Ribeiro
Professora de Yoga no Makaranda Yoga e Terapias em Meia Praia- Itapema-SC.
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